quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AFETIVIDADE PERTURBADA

Livro: Amor Imbatível Amor - Joana de Ângelis psicografado por Divaldo Franco:

Capítulo 52-AFETIVIDADE PERTURBADA

A afetividade é o sentimento que se expressa mediante reações físicas positivas.
O ser humano tem necessidade de prazer, e to­dos os seus esforços são direcionados para usufruí-lo, evitando a experiência do sofrimento, excetuan­do-se os casos de transtornos masoquistas. Toda e qualquer busca, conscientemente ou não, aguarda a compensação do bem-estar, que é sempre a fonte motivadora para toda luta.
Desse modo, a afetividade produz uma reação de adrenalina no sangue que leva o indivíduo ao aqueci­mento orgânico, do qual decorre a sensação agradável do prazer, do desejo de estar próximo, do contato físi­co, do aperto de mão, do abraço, da carícia.
A afetividade é inerente ao ser humano, não po­dendo ser dele dissociada, já que também é natural em todos os animais, inicialmente como instinto de proteção à prole.
Psicologicamente, a sua exteriorização tem mui­to a depender do convívio perinatal e suas experiên­cias no ambiente do lar, particularmente com a mãe.
Por uma necessidade imperiosa de segurança -que a criança perde ao sair do claustro materno - o contato físico é de vital importância para o equilíbrio do ser. Inicialmente a criança não tem ainda desenvolvido o sentimento de afeição ou de amor, mas a necessidade de ser protegida, de ter atendidas as suas necessidades, o que lhe oferece prazer, sur­gindo, a partir daí, a expressão emocional, também sinônimo de garantia em relação ao que necessita para viver.
O sentimento da afetividade, porém, é quase sempre acompanhado dos conflitos pessoais, que de­correm da estrutura psicológica de cada um.
Quando não se viveu plenamente na infância a experiência tranqüilizador a do amor, a insegurança que se instala gera conflitos em relação à sua reali­dade, e todos os relacionamentos afetivos se apre­sentam assinalados pela presença do ciúme, da rai­va ou do ressentimento.
O ciúme, que retrata a falta de auto-estima, pre­dominando a autodesvalorização, como decorrência da não confiança em si mesmo, transforma-se em terrível algoz do ser e daqueles que fazem parte do seu relacionamento.
As exigências descabidas, as suspeitas insupor­táveis produzem verdadeiros cárceres privados, nos quais se desejam aprisionar aqueles que se tornam asfixiados pela afetividade do enfermo emocional. Nesse comportamento, a desconfiança abre terríveis brechas para a hostilidade e a raiva, que sempre se unem como mecanismo de proteção daquele que se sente desamado.
De alguma forma, essa conduta resulta do aban­dono emocional a que se foi relegado na infância, quando as necessidades físicas e psicológicas não se faziam atendidas convenientemente, resultando ne sse terrível transtorno de desestruturação da perso­nalidade, da autoconfiança.
A desconfiança de não merecer o amor - incons­cientemente - e a necessidade de impor o sentimen­to - acreditando sempre muito doar e nada receber - levam a patologias profundas de alienação, que derrapam em crimes variados, desde os mais sim­ples aos mais hediondos...
O medo de não ter de volta o amor que se ofe­rece conduz à raiva contra aquele que é alvo desse comportamento mórbido, porque o afeto sempre doa e não exige retribuição, é um sentimento ablativo, rico de oferta.
Toda vez que o amor aflora, um correspondente fisiológico irriga de sangue o organismo e advém a sensação agradável de calor, enquanto a animosida­de, a antipatia, a indiferença proporcionam o reflu­xo do sangue para o interior, deixando a periferia do corpo fria, portanto, desagradável, perturbadora.
Todo aconchego produz calor na pele, bem-es­tar, enquanto que o afastamento gera frio, desagra­do, tornando-se di fícil de aceitação a presença física de quem é causador de tal sensação.
O amor não pode ser imposto, mas desenvolvi­do, treinado, quando não surgir espontaneamente.
Esse aflorar natural tem suas raízes nas experi­ências anteriores do Espírito, que renasce em condi­ções ambientais propiciatórias ou não ao seu apare­cimento, ao lado de uma família afetuosa ou desti­tuída desse sentimento, o que contribui decisivamen­te para a sua existência, para a sua eclosão.
Em muitos relacionamentos o amor brota com espontaneidade e cresce harmônico. Noutros, no entanto, é conflitivo, atormentado, com altibaixos de alegria e de raiva, de ansiedade e medo, de hostili­dade e posse.
A necessidade de amor é imperiosa, e subjacente àmesma, encontra-se o desejo do contato físico, enrique­cedor, estimulante.
Quando se é carente de afetividade, a mesma se apresenta em forma de ansiedade perturbadora, que gera conflitos e insatisfações, logo seja atendida.
Em tal caso, produz inc erteza de prosseguir-se amado, após atendida a fome do contato físico ou emo­cional. Enquanto se está presente, harmoniza-se, para logo ceder lugar à insegurança, à desconfiança.
Assim sendo, o amor se torna dependente e não ple­nificador. Transfere sempre para o ser amado as suas ne­cessidades de segurança, exigindo receber a mesma dose de emoção, às vezes desordenada, que descarrega no ser elegido. Essa é uma exteriorização infantil de insatisfação afetiva, não completada, que foi transferida para a idade adulta e prossegue insaciada.
A afetividade madura proporciona o prazer, sem o qual permaneceria perturbada, angustiante, caótica.
Amar, é um passo avançado do desenvolvimento psicológico do ser, uma conquista da emoção, que deve superar os conflitos, enriquecendo de prazer e de júbi­lo aquele a quem é dirigido o afeto.
Amadurecido pela experiência da personalidade e pelo equilíbrio das emoções, proporciona bem-estar na espera sem ansiedade, e alegria no encon tro sem exi­gência.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco

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